segunda-feira, 28 de novembro de 2011

     Grupo Monodelphis brevicaudata

Na revisão que realizei em 1991 no gênero Monodelphis, agrupei as espécies em 6 unidades monofilétcas que chamei de grupos. O grupo M. brevicaudata foi tratado na época como grupo M. touan por questões de nomenclatura. O grupo é composto de 3 espécies : M. brevicaudata (= M. touan), M. glirina e M. amazonica sp. nov. 
Naquela época M. glirina vinha sendo considerada como sinônimo de M. brevicaudata, no entanto por apresentar uma distribuição disjunta, bem distante das formas do norte do rio Amazonas, e baseado em certas diferenças, resolvi considera-la como uma espécie válida. Finalmente descobri nas coleções do Museu Paraense Emílio Goeldi uma nova espécie desse grupo que havia sido coletada entre os rios Xingú e Tocantins, que apresentava um colorido lateral muito intenso e o ventre muito claro assemelhando-se as populações de M. brevicaudata do Amapá e Guiana Francesa. Essa espécie está sendo aqui tratada como M. amazonica.

Caracteres cranianos dos adultos

FIG. 31 - Região central do basicrânio, região orbital, bula timpânica e ramo mandibular.

Maior comprimento do crânio 43 mm; forma do crânio (ver figs. 32-34); crista sagital presente; focinho robusto, levemente convexo; forâmem infraorbital acima de P3 ou acima da região de contato entre P3 e M1; largura da órbita aproximadamente um sexto do comprimento do crânio; processo pós-orbital do frontal reduzido, afastado da constrição intertemporal; crista transversal do alisfenóide presente; distância (drt) entre o foramem rotundum e o canal transverso três vezes maior que a distância (dtc) entre o canal transverso e o forâmem da carótida adjacente; distância (dcc) entre os forâmens das carótidas aproximadamente o triplo da distância existente entre cada um deles e o canal transverso adjacente; palatino posterior (epp) largo, interpondo-se amplamente entre o frontal e o forâmem orbitosfenóide; processo alisfenóide (pa) da bula auditiva terminando entre a parte anterior da bula e o processo timpânico do periótico; processo timpânico do periótico (pt) terminado em ponta levemente arredondada; perfil da borda inferior do ramo horizontal da mandíbula arredondado; ângulo interno formado pelo processo coronóide e o ramo horizontal entre 100º e 110º; inclinação interna do processo angular entre 100ºe 110º; ramo ascendente da mandíbula com inclinação aproximadamente 25º (Fig. 31).

Variação da forma do crânio com a idade:
A figura mostra a variação da forma do crânio em 3 diferentes estágios do crescimento
na espécie Monodelphis glirina (jovem, adulto jovem e adulto velho).

Comparação dos crânios entre as espécies do grupo M. brevicaudata.

Figuras 32, 33 e 34. Crânios em 3 vistas: dorsal, ventral e lateral.

As diferenças cranianas existentes entre as espécies desse grupo são muito pouco evidentes. A dentição apresenta pequenas diferenças, principalmente em relação ao tamanho, o que permite uma separação em dois grupos: 1] M. brevicaudata e M. amazonica isoladas pelo rio Amazonas, muito semelhantes entre si e só podem ser separadas por caracteres externos. O pelo da cauda avança dorsalmente nas populações centro-leste de M. brevicaudata. 2] M. glirina apresenta as séries molares com tamanho maior que as espécies anteriores e o palato um pouco mais largo.

Dentição

Pré-molares e molares


Muito semelhantes a  Monodelphis domestica, apenas um pouco menores; m4 com o comprimento mesio-distal aproximadamente igual ao do m3, talônido do m4 pouco mais curto (fig. 35).

                                     
   
O isolamento geográfico de três grandes áreas distintas, justifica a existência de apenas 3 espécies :

Monodelphis glirina é a espécie mais plesiomórfica desse grupo, o que está levando pesquisadores, pouco experientes, influenciados por metodologias "embrionárias", como a "Morfologia Molecular", a associá-la com M. domestica e M. maraxina, que estão claramente na base do gênero. No entanto não deixa de ser útil o reconhecimento das variações geográficas existentes dentro de M. brevicaudata. Coletas na região leste do Equador poderão mostrar uma continuidade entre as populações de M. glirina e M. brevicaudata [palliolata]. No entanto, fico com o critério do isolamento geográfico até prova contrária.

Link para as espécies:

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