segunda-feira, 28 de novembro de 2011

As espécies do sul do Rio Amazonas: M. glirina e M. amazonica.


Monodelphis  amazonica   Gomes, 1991

localidade tipo : Marabá (perto de Jatobal), PA, BR
Tipo: Museu Paraense Emílio Goeldi, MPEG 10247, macho adulto, pele e crânio.

Descrição da pelagem

Coloração geral cinza, marrom bem avermelhada e branca; parte superior do focinho cinza-clara; topo da cabeça e dorso cinza-grisalhos, pêlos aristiformes com banda basal cinza e terminal preta, setiformes com banda basal cinza, mediana preta, subterminal branca acinzentada e ponta preta; parte central do traseiro e base da cauda superiormente cinza-grisalhos-avermelhado; lados do focinho, bochechas, ao redor dos olhos, ao redor das orelhas, partes laterais do corpo, partes superiores dos membros, partes laterais da base da cauda marrons bem avermelhados, pêlos aristiformes com banda basal cinza, subterminal preta e ponta laranja, setiformes com banda basal cinza e terminal laranja; existe um limite bem marcado entre o cinza dorsal e as faixas avermelhadas laterais; bordas inferiores da boca alaranjadas; queixo e região entre as bordas inferiores da boca e estreita faixa no centro da garganta amarelos-claros; garganta ao lado da faixa central, avermelhada, contínua com as bochechas; peito e barriga brancos-acinzentados, pêlos brancos com pequena base cinza; partes inferiores dos membros, brancas levemente acinzentadas; região inguinal com pêlos brancos; partes superiores das patas cinzas esbranquiçadas; cauda pilosa com escamas escondidas na superfície dorsal; limite entre a base pilosa e o resto da cauda, pouco marcada dorsalmente; parte superior da cauda marrom-acinzentada, mais escuro na metade terminal; parte inferior da cauda com escamas pouco visíveis e com pêlos esbranquiçados (fig. 36).


Variação: Os jovens apresentam as faixas laterais alaranjadas e com o limite menos nítido que nos adultos. O marrom avermelhado lateral dos adultos, apresenta variação de intensidade.

Comprimento dos pêlos: aristiformes, dorsais, laterais e ventrais 15 mm, setiformes, dorsais 7 mm, laterais 9 mm e ventrais 5 mm

Espécimes examinados:

Total: 10. BRASIL - Pará: Marabá (perto de Jatobal) localidade tipo, 4 M (MG 10247, 11289, 11292, 11293), 2 F (MG 11290, 11291); Marabá (perto de Itupiranga), 2 M (MG 10249, 11699), 2 F (MG 10248, 11698).

Foto do Tipo:  M. amazonica, Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) : 10247, macho.

Monodelphis amazonica   e

Monodelphis brevicaudata apresenta várias formas locais, que receberam nomes específicos ou subespecíficos: M. b. orinoci; M. b. palliolata e M. b. touan

Existe uma continuidade de caracteres entre essas formas locais de M. brevicaudata e nenhuma simpatria conhecida até então. Por isso a melhor opção é considerá-las como subespécies e não como espécies. Devido a extensa área de distribuição de Monodelphis brevicaudata e à variedade de ambientes ocupados, seria necessária uma investigação genética com uma "grande amostragem", pois é esperada uma grande variabilidade genética nessas populações. Nesses casos a análise molecular é a melhor solução, já que é uma variação intra-específica. Essa amostragem deverá conter não apenas amostras pontuais ao longo da distribuição, mas também vários indivíduos por localidade. Para que possam ser devidamente comparadas.

Na figura acima podemos ver que Monodelphis glirina (à esquerda) está amplamente distribuída ao sul do Rio Amazonas (colorido lateral amarelo). Do lado direito da figura Monodelphis brevicaudata, amplamente distribuída ao norte do Rio Amazonas (acima), e sua espécie-irmã Monodelphis amazonica (abaixo, colorido avermelhado) restrita ao interflúvio Xingú-Tocantins. As estreitas relações filogenéticas existentes entre M. amazonica e M. brevicaudata, atestam uma mudança no curso do Rio Amazonas. Existem muitas espécies relacionadas nessas duas áreas disjuntas separadas pelo Rio Amazonas.



Monodelphis glirina  Wagner, 1842

Didelphis glirina: Wagner (1842: 359). Waterhouse (1846: 513). Wagner (1847: 150). Wagner (1855: 253). Giebel (1859: 717). Pelzeln (1883: 117). 
Peramys brevicaudatus: Cabrera (1919: 42) parte. Miranda-Ribeiro 1936: 406).
Monodelphis brevicaudata: Cabrera (1940: 31) parte. Emmons (1990: 27) parte.
Monodelphis brevicaudatus brevicaudatus: Vieira (1955: 348).
Monodelphis (Monodelphis) brevicaudata brevicaudata: Cabrera (1958: 7) parte.
[Monodelphis] brevicaudata: Pine & Handley, Jr. (1984: 242) parte.


Localidade tipo: Cachoeira do Pau Grande, Rio Mamoré.

História taxonômica

Esta espécie foi descrita pela primeira vez por Wagner (1842: 359), juntamente com M. domestica, de forma sucinta: "Didelphis glirina Natt. - Didelphys cinerascens, subtus pallide cano-lutescens, lateribus ochraceis, capite abbreviato, auriculis mediocribus; cauda dimidio corpore paululum breviore, basi pilosa, dein nudiuscula. Corpus 6 ½ ", cauda 2" 7' ". Mamoré". Uma descrição mais detalhada feita pelo próprio Wagner (1847: 150), em alemão, fornece a coloração das bandas de pigmentos dos pêlos, medidas adicionais e o local de coleta com maior precisão: "o único exemplar foi coletado por Natterer na Cachoeira do Pau Grande no Rio Mamoré". Uma tradução para o inglês da descrição original, é fornecida por Waterhouse (1846:513).

Schinz (1844) excluiu D. glirina de sua lista, provavelmente considerando-a sinônimo de Didelphis brachyura Schreber. Depois disso D. glirina foi citada por Waterhouse (op. cit.) e por Burmeister (1854: 141) que a considerou como sinônimo de D. brachyura: Temminck (1827).

Thomas (1888b: 357) trata Didelphys glirina como sinônimo de Didelphys (Peramys) brevicaudata Erxleben, sendo seguido por Cabrera (1919: 42); Cabrera & Yepes (1940: 31), "por lo menos hasta el rio Mamoré."; Cabrera (1958: 7-8), Miranda-Ribeiro (1936: 406); Vieira (1955: 348); Pine & Handley Jr (1984: 242) e Emmons (1990: 27). Revalidei esta espécie em minha dissertação em 1991, desde sua descrição vinha sendo considerada como sinônimo de M. brevicaudata. Voss et al., 2001 publicaram essa revalidação mas não me citaram. Eisenberg, 1999 fez uma comparação de minha lista de espécies de 1991 onde M. glirina aparece relativa à M. brevicaudata de Gardner, 1993. No entanto vários autores têm citado minha dissertação, mais recentemente.

Descrição da pelagem

Coloração geral cinza, amarelo-ferrugem e cinza-amarelado; parte superior da cabeça desde a ponta do focinho, dorso até o traseiro cinza-grisalhos, pêlos aristiformes com banda basal cinza e terminal sépia a setiformes com banda basal clara, mediana sépia, subterminal branca-amarelada e ponta sépia; lados do focinho cinza-amarronzados; bochechas, ao redor dos olhos e orelhas laterais do pescoço e do tronco, partes superiores dos membros e base da cauda amarelo-ferrugem, bastante vivo ao redor das orelhas e acinzentado nos membros, pêlos aristiformes com banda basal cinza, subterminal sépia e ponta alaranjada, setiformes com banda basal cinza terminal alaranjada; queixo, garganta e uma faixa estreita central na região inferior do pescoço cinza-claros; ao lado dessa faixa estreita, em continuação com as laterais do pescoço cinza-alaranjado, pêlos voltados para frente; peito, barriga e partes inferiores dos membros cinzas-amarelados, pêlos com banda basal cinza e terminal amarela partes superiores das patas marrons-acinzentadas; dedos nus, com escamas; cauda nua, cinza-escuro por cima e cinza por baixo; escamas bem visíveis (Fig. 36).

Variações: os exemplares examinados apresentaram variações de localidade para localidade e dentro da mesma localidade. A série de Altamira quando comparada a série de Santarém, mostrou as seguintes diferenças: Os exemplares de Altamira examinados em conjunto apresentavam o cinza dorsal mais claro e as partes laterais e ventrais mais amareladas que os Santarém. Os exemplares jovens tanto de uma localidade quanto outra, tinham as partes laterais mais acinzentadas que os adultos. Nos jovens de Altamira o colorido lateral também é mais acentuado que na série de Santarém. Essa diferença se deve ao comprimento das bandas alaranjadas dos pêlos laterais e ventrais.

Comprimento dos pelos: aristiformes, dorsais, laterais e ventrais 15 mm; setiformes, dorsais 7 mm, laterais 8 mm, ventrais 5 mm. 

Medidas corporais: cabeça e tronco: 100-170 mm; cauda: 60-95 mm; pé: 17-23 mm; orelha: 13-21 mm.

Espécimes examinados

Total: 44. BRASIL - Acre: Sena Madureira, 3M (MG 10695, 10553, 10697) 2F (MG 10696, 10694). - Pará: Taperinha, IM (MG 313), 4? (MG 5.025, 5022, 5023, 3384); Santarém, 10M (MG 8085, 8086, 8089, 8091, 8092, 8678, 8679, 11840-11842), 6F (MG 8081, 8082-8084, 8087, 8088, MZUSP 3693); Altamira, 12M (MG 8928, 8929, 8930-8937, 11530, 11531,11390), 3F (MG 8938, 11528, 11529, 11532).



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